Ferrovias

Vicente Abate é empossado presidente da ABIFER e faz uma análise do setor

Jean Carlos Pejo e Vicente Abate no evento da ABIFER
Jean Carlos Pejo e Vicente Abate no evento da ABIFER (ABIFER)

Ontem tivemos a honra de participar da cerimônia de posse da nova diretoria da ABIFER, biênio 2019/2021, na FIESP. Diversos representantes do setor estavam presentes.

A Associação Brasileira da Indústria Ferroviária de acordo com o site foi fundada no dia 8 de agosto de 1977 por fabricantes de equipamentos para o sistema ferroviário, com o objetivo de destacar a importância da indústria e do transporte ferroviário de carga e de passageiros.

A missão da associação é “fomentar o crescimento da indústria ferroviária instalada no País, incentivando a expansão do transporte ferroviário de carga e de passageiros e oferecendo, através de suas associadas, suporte técnico às concessionárias e a seus usuários.

Em discurso de posse ontem, o Presidente Vicente Abate começou agradecendo os presentes e fez uma análise do setor ferroviário:

“Há motivos para celebrar este momento ? Cremos que sim.

As perspectivas são positivas, mas precisamos ir além do que já se prenuncia.

“Ao final de março, tivemos dois grandes acontecimentos na área do transporte ferroviário de carga. O exitoso leilão da ferrovia norte-sul (aproveito aqui para parabenizar as duas concessionárias que dele participaram, a Rumo e a VLI) e a divulgação do relatório técnico do TCU, recomendando a aprovação da renovação antecipada da rumo malha paulista.

Precisamos, insisto, ir além e mais rapidamente.

Termos, enfim, a aprovação final da renovação da rumo, pelo plenário do TCU, e a sequência, mais célere, dos processos das demais concessionárias (MRS, VLI e vale).

Com isso, o transporte ferroviário de carga dará um salto de qualidade e capacidade, reflexo dos vultosos investimentos que serão feitos pelas concessionárias. Em 20 anos elas investiram mais de R$ 90 bilhões, o que não é pouco. Nos próximos 5, imediatamente às renovações, investirão pelo menos R$ 25 bilhões adicionais.

Hoje, as fábricas de vagões, locomotivas e sua cadeia produtiva, incluindo a via permanente, estão quase vazias, com reflexo direto na mão de obra. Para não perder mais gente do que já perderam (cerca de 3 mil trabalhadores nos últimos 2 anos), algumas empresas estão colocando mais de 50% de sua mão de obra direta em férias coletivas. Outras ações, mais drásticas, terão que ser tomadas caso as renovações não ocorram imediatamente.

Nosso trabalho em Brasília, junto com a ANTF, tem sido intenso, mas, lamentavelmente, a percepção e o senso de urgência não têm sido o forte de alguns setores dos órgãos de controle.

Vejam que a linha é tênue. Podemos arrancar para um futuro próximo promissor, tanto as concessionárias quanto a indústria, como poderemos estancar, o que não será bom para a economia do país.

Na área de passageiros, o cenário de fábricas vazias não é diferente e é desolador também. A ociosidade alcança impressionantes 60% em relação à média anual dos últimos 10 anos.

Teremos, entretanto, uma oportunidade única, e próxima, para reativar as fábricas de trens e sua cadeia produtiva, com o lançamento do RETREM, cujo anúncio oficial deverá ocorrer em junho, aqui na FIESP, e será feito pelo nosso Secretário nacional de mobilidade urbana, Jean Carlos Pejo, aqui presente.

Aproveito para agradecer, de uma forma geral, aos novos governantes, que veem o setor ferroviário como estratégico para o país.

Quero também agradecer ao poder legislativo, de todas as instâncias, com as suas frentes parlamentares em prol do setor ferroviário e da construção, em que a ABIFER atua como parte relevante da cadeia de negócios.

A ABIFER tem lutado em diversas frentes, ao lado de entidades de classe e de movimentos, nas reformas da previdência e tributária, na abertura comercial gradual, na aprovação do projeto de lei nº 261 do Senador José Serra que dispõe sobre a autorização para construir ferrovias ou utilizar as já existentes, em alternativa à concessão, entre outras frentes.

Agradeço ao SIMEFRE, do nosso presidente Martins, e a todas as entidades de classe e academia, pela frutífera parceria.

Agradeço também às nossas associadas pelo apoio e confiança em nosso trabalho. À diretoria que ora encerra seu mandato e à nova que está chegando, para continuarmos juntos na luta pela defesa de nossa indústria.

Um agradecimento especial aos meus presidentes Marcos de Oliveira, da Iochpe-Maxion, e Eduardo Scolari, da Greenbrier maxion, por darem suporte ao meu trabalho na ABIFER e em outras entidades das quais participo, como diretor ou conselheiro, como o SIMFRE, ABIFA/ SIFESP, ANPTrilhos, ABENDI, ANTP, Instituto de Engenharia, SAE Brasil e FIESP

À equipe da ABIFER que me apoia, na retaguarda, para que tudo transcorra bem. Muito obrigado à edilene, márcia, nelson e alexandre.

Um último agradecimento, muito especial, à minha esposa Carmen, pela dedicação, amor e paciência, à minha mãe Lydia e à minha família pelo permanente carinho, a todos que me incentivaram na profissão que escolhi, de engenheiro, e à ferrovia, na qual atuo há mais de 40 anos e da qual não mais me separarei.

Para finalizar, desejo a todas as mamães aqui presentes, às que não puderam estar aqui e àquelas que estão no céu, um feliz dia das mães no próximo domingo e sempre.

Muitíssimo obrigado!!!”

“Seu Martins”

O Presidente do SIMEFRE, José Antonio Fernandes Martins, fez um discurso deixando claro o senso e urgência que o setor ferroviário tanto precisa. Confira alguns trechos do discurso:

“Não é para hoje, é para ontem! Urgente e correndo, a ferroviarização deste país

Explica que a greve dos caminhoneiros ano passado causou um prejuízo de R$ 15 bilhões:

“nós temos hoje o transporte rodoviário brasileiro, representando 65% da carga (…). Nós não podemos mais, as nossas indústrias se fragilizam, perdem uma potência estratégica de desenvolvimento e perante ao universo internacional, essa dependência absurda do setor rodoviário

“Eu me criei no ônibus, fabricando ônibus, mas eu vejo que sem a ferrovia, nós não vamos atingir o estágio de progresso e desenvolvimento que nós precisamos (…)”

“(…) Não existe democracia em um pais que não é desenvolvido. Nós só vamos atingir uma democracia quanto nós tivermos efetivamente um povo desenvolvido, um povo que come, um povo que tenha casa, um povo que tenha roupa. Ai nós podemos falar em democracia. O resto tudo que se ouve e se lê em jornal é mera ficção científica

Eu acredito em nosso país. Um trabalho conjunto vai nos levar, sem dúvida, a um final de muito sucesso, de muita tranquilidade e que as nossas famílias, sem duvida nenhuma, terão uma vida muito melhor

Jean Carlos Pejo

O Secretário Nacional de Mobilidade Urbana, Jean Carlos Pejo, também discursou. Confira alguns trechos:

Graças a esse trabalho incansável da industria brasileira, que tanto tem lutado contra inúmeras dificuldades, o Brasil tem uma participação, um transporte de mais de R$ 600 milhões de toneladas de produtos, de carga, que se não tivesse o empenho da indústria em produzir esse material: locomotiva, vagões, acessórios e o esforço enorme das operadores em poder estar desenvolvendo seu trabalho R$ 600 milhões de toneladas não é pouco. Para aqueles que acompanham um pouco mais o setor, o Brasil está entre os 5 maiores transportadores de carga do mundo.

Para o transporte de passageiros, graças ao esforço enorme da nossa indústria, representada aqui pelos seus fabricantes de material rodante, via permanente, sistemas e etc, o Brasil transporta em trilhos mais de 10 milhões de passageiros/dia. Imagina se não tivesse esse esforço. Como estariam sendo transportadas essas pessoas na cidade.

Em primeiro lugar, cumprimentar pelo trabalho desenvolvido. E mais, alertar para o desafio que temos pela frente, que é de aumentar muito esses números. Esperamos sim, em um curto prazo, com o programa em curso, da antecipação da renovação das concessões, na execução dos programas de expansão de ferrovias, que a gente chegue sim no 1 bilhão de toneladas transportadas pela ferrovia. Queremos ter a participação de poder dizer isso no curto prazo

Como queremos ver também o sistema de passageiros sobre trilhos passando dos 10 milhões, para 15 milhões de passageiros. Nós vamos chegar lá. Tenho total confiança que se depender da vontade do Vicente, do Martins e de todos industriais presentes, da capacidade, da competência das operadoras aqui presente, tanto na carga quanto no passageiro, nós vamos atingir esses números.

Agora, o Governo tem que fazer sua parte. Da parte do governo nós podemos garantir, que no ambiente da Secretaria Mobilidade e Serviços Urbanos, nós estaremos sim, trazendo oportunidades para que as empresas operadoras possam ter trens melhores, para poder dar uma qualidade de serviço, que todos aqui querem dar, onde o principal objetivo nosso é atender as pessoas, que estão lá dependendo do serviço de transporte coletivo, dependendo de um bom sistema de transporte ferroviário, tendo carros com ar-condicionado, tendo condição, tendo conforto, pontualidade, regularidade. Isso se consegue tendo equipamento em condições.

Para ter equipamento em condições, tem que ter recurso, para isso estamos lançando o programa do RETREM (linha de crédito para ampliar e modernizar a frota) para permitir com que as empresas tenham capacidade de captação de recursos para que esses programas acontecem de maneira efetiva, trazendo benefícios para a sociedade. Nós estamos aqui para isso.

Claro que a indústria precisa ter lucro. A indústria tem que ter bons resultados para que ela possa cada vez mais, investir na tecnologia e levar a melhor qualidade no serviço. Para isso nós dependemos de ação do executivo. Dependemos muito do apoio do Parlamento. Eu sempre insisto, todas as ações que nós fazemos, nós precisamos sempre do apoio do parlamento onde eu quero estar sempre presente, nas comissões de transporte, nas frentes de desenvolvimento, independente de figura partidária.

O importante é o cidadão brasileiro. É ele que não tem a tipologia partidária. Ele precisa sim de uma viga melhor, uma qualidade melhor. Para isso que estamos desenvolvendo esses programas.

Além do programa do RETREM para o material rodante, nós temos o programa do “Avançar Cidades”. Tenho certeza que esse próxima década que entra será a década do VLT. Ele que será utilizado também em consonância com o programa de antecipação das concessões, onde eu tive a oportunidade de apresentar uma palestra, da importância de se aproveitar os sistemas, hoje, de baixa utilização, que serão devolvidos para a União e através de processos mais simples, poder permitir que esses trechos sejam utilizados, seja programas de short-lines, como também, principalmente o transporte de passageiros.

O cidadão, como dizia o Montoro, ele não mora nem na União, ele não mora nem no Estado, o cidadão mora no município. Então todo apoio aos Prefeitos. Eles são sempre bem recebidos. Nós temos sempre atendido as essas ações que beneficiam as prefeituras (emendas), que beneficiam as pessoas.

Para concluir, Vicente Abate, muito sucesso! Conte conosco. E pensando o seguinte: indústria forte, Governo responsável, povo feliz.

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Fernando

É engenheiro por formação e entusiasta de obras de mobilidade urbana. Utiliza transporte individual na maioria das vezes mas acompanha e sabe da real e urgente necessidade de investimentos em infraestrutura e principalmente em transporte público aliadas com políticas públicas de redução da pendularidade do sistema de transportes

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